Teoria da Alma

domingo, 12 de abril de 2009

Talvez agora, com trinta e vários anos, eu finalmente aprenda a andar com minhas próprias pernas.
Não que nunca tenha andado. Mas sempre, de uma forma ou de outra, deixo nas mãos de outras pessoas o meu destino, o meu futuro, o meu amanhã, o meu depois.
Preciso aprender a ser só, diz o poeta. E diz meu psiquiatra, também.
Meu psiquiatra me disse, semana passada, que o meu problema é, e sempre foi, a angústia de ficar sozinha. Mas eu já fiquei muito tempo sozinha, eu disse a ele. Entre meus namoros, sempre ficava um tempão sozinha. Aí ele falou: não estou falando do 'ficar sozinha', e sim da 'angústia de ficar sozinha'. Humm. Não sei se eu sei o que ele quis dizer. Ou não sei se eu sei mas prefiro achar que não sei.
Ele falou que foi em razão dessa angústia que demorei tanto tempo para terminar meu último namoro. Quatro anos e meio, dos quais o último ano e meio passei criando coragem para terminar. A coragem veio de uma forma meio torta, depois de, desastradamente, eu dar o último grito de socorro. E não ser atendida. E, quando finalmente terminei, ao invés de alívio senti tristeza, solidão, arrependimento, angústia - será essa a tal angústia?
Agora isso já passou. Esses sentimentos ruins que vem com o fim de longos relacionamentos. Eu sei, preciso me forçar a escrever esse "vem" sem acento, porque não tem mais acento, mas eu não me conformo. Fica faltando alguma coisa e todos os meus esforços para escrever corretamente se sentem traídos. Mas voltando.
Isso tudo passou, mas não passou porque eu cresci, aprendi, resolvi que preciso ficar sozinha pra me conhecer, pra crescer, etc. e tal.
A angústia (seja ela o que for) passou porque um antigo namorado, aquele amor-da-vida-maior-paixão-melhor-sexo-combina-em-tudo-comigo voltou. Voltou a me atormentar, voltou para minha vida, para meu coração, meu corpo, minha alma. Não voltou fisicamente. Voltamos a nos falar, voltamos a querer retomar aquela relação perdida há tantos anos, voltamos a fazer planos e a perceber o quanto somos parecidos, o quanto combinamos, o quanto queremos as mesmas coisas.
Então eu, mais uma vez, acreditei em todo aquele sonho, em toda aquela promessa de felicidade, como na música de Caetano, acreditei naquele que foi meu caminho, meu vinho, meu vício, meu fumo, minha yoga, minha droga, que foi tudo e que não durou o suficiente para ser tudo o que eu queria, o que eu quero.
Como esquecer um amor que, além de intenso, forte e cheio de promessas, nunca ficou definitivamente resolvido? Claro que isso me perseguiu ao longo de nove longos anos. Nesse tempo todo eu sempre acreditei que um dia, depois de muitos anos, iríamos nos reencontrar, descobrir que fomos feitos um para o outro e viver felizes para sempre.
E sabe o que é pior? Eu continuo acreditando nisso. Hoje, agora, neste exato momento em que a dor me mostra mais uma vez que eu não poderia ter sido assim tão ingênua, agora mesmo, continuo acreditando. Acredito em filmes com final feliz, do tipo "foram felizes para sempre". Acredito em papai noel e coelhinho da páscoa. Será que esse é o meu erro? Acreditar que existe algo maior e melhor do que o dia-a-dia medíocre da humanidade?
Eu me recuso a simplesmente deixar de acreditar nisso. Não posso me entregar. Tem que existir alguma coisa além disso, não é possível.
Eu sei, eu estou musical hoje. Mas não é hoje. Eu sou musical. A música sempre desempenhou um papel importantíssimo na minha vida, desde que me conheço por gente. Um amigo meu me falava que quando bebê eu era ninada ouvindo Tom e Vinícius, e foi por aí mesmo. Mas por que estou falando de música? Porque a música é parte importante desta história, também. Da maior história de amor que eu já vivi, ou ainda vou viver, ou vivo, não sei. A música sempre foi parte importante de todas as minhas histórias. De mim.
posted by Karime at 17:13

1 Comments:

teste

14 de abril de 2009 às 18:57  

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