Teoria da Alma

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Camisa de Força

Faz 3 dias que meu celular toca, e um número estranho aparece. Não atendi no primeiro dia, porque estava no silencioso e não vi. No segundo dia, o telefone tocou à meia-noite, eu não estava perto, não vi. Ontem tocou à tarde, mais uma vez eu não estava com o telefone. Aí ontem à meia-noite toca de novo. Quando eu fui atender, já haviam desligado. Curiosa com tantas ligações, resolvi ligar pra saber quem era. A pessoa atendeu, e eu perguntei:
- Oi, quem está falando??
- Pra quem você ligou?
- Eu não sei, eu recebi várias ligações deste número nos últimos 3 dias, mas não sei quem está me ligando.
- Mas com quem você quer falar? (já em tom grosseiro)
- Poxa, não sei, quero saber quem quer falar comigo!
- Então desliga esse telefone, sua %$&*@#!!

Hã????
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quinta-feira, 30 de abril de 2009

Na clínica

Na clínica com minha mãe. Nossa rotina semanal. Ela engordou 2,5kg no último mês, e está muito feliz!
Eu sempre imaginei que clínicas de quimioterapia eram lugares tristes, cheio de pessoas carecas e com cara de... doentes, infelizes. Foi uma surpresa quando vim aqui pela primeira vez com minha mãe, há dois meses. Nenhuma pessoa sem cabelo, todos bem arrumados, alegres, conversando muito. Alguns vem sozinhos, outros com marido, filhos, amiga, pai, mãe, etc. Leem livros, revistas, ouvem música em seus ipods. Alguns dormem. Parece que estamos na sala de estar da casa de alguém. Poucos parecem realmente doentes. Foi uma surpresa boa, claro. Serviu para desmitificar aquela falsa impressão que eu tinha.
Aliás, a experiência toda do câncer da minha mãe tem sido importante para desmitificar vários conceitos errados, vários preconceitos que nós tínhamos (quando digo "nós", falo de mim, meu pai, minha mãe e meu irmão). Há algum tempo, falar que alguém tinha câncer era praticamente uma sentença de morte, pois somente uma minoria era curável. Hoje não é nada disso. Mas ainda temos essa impressão, quando se ouve falar que "fulano está com câncer". Aí acontece com a sua família, com você, e a coisa muda completamente.
Descobrimos o câncer da minha mãe no fim de janeiro. Câncer de pâncreas, com metástase no pulmão. A primeira reação minha, do meu pai e do meu irmão foi pânico. A primeira coisa que eu pensei foi: minha mãe vai morrer. E eu não estou preparada para isso, ela ainda é nova, tem muita coisa pra viver. Eu quero dar netos pra ela, uma coisa que ela quer tanto. Quero que ela me veja feliz, realizada, com minha própria família, outra coisa que ela quer tanto. É impressionante: descobri que minha mãe está com câncer e só conseguia pensar em mim, nas coisas que eu queria fazer ou que eu queria que acontecessem comigo. Por que o ser humano é assim, tão egoísta?
E minha mãe, ao receber a notícia: calma. É um tumor maligno. Ela calma. Tem metástase. Calma. É no pâncreas, não tem como operar, só tratamento. Calma. Não tem cura. Calma. E assim foi ela, minha mãe, ela, que recebeu um diagnóstico tão temido, que nos acalmou, nos tranquilizou.
Uma coisa importante pra mim foi uma conversa que tive com meu irmão. Mandei um e-mail pra ele falando da minha tristeza, de como eu estava mal com a notícia e com as perspectivas ruins. A resposta dele foi, simplesmente: "Ká, nossa família é muito linda. Temos muito amor. Vamos sair dessa." E pronto. Aí me deu um clique. Liguei pra ele pra comentar o e-mail que ele me mandou. Eu queria saber se tinha entendido certo o que ele escreveu. E tinha. Nossa família realmente é muito linda, e temos sim muito amor. E deixamos isso claro um para o outro, sempre. Eu te amo, eu te amo, eu te amo, são palavras que sempre foram ditas na minha casa. Não há mágoas, rancores, ressentimentos, coisas não ditas. Nós nos amamos, curtimos o tempo que passamos juntos, estamos sempre juntos, gostamos da companhia um do outro. Não há e não houve grandes brigas, decepções, inveja, ciúme, esses sentimentos mesquinhos que existem em tantas famílias. Então entendi o que ele quis dizer: aconteça o que acontecer, estamos juntos, nos amamos e vamos passar por isso juntos. E quando eu li isso minha percepção de tudo o que estava acontecendo mudou completamente. Fiquei mais calma, sabendo que tudo ficaria bem, de uma forma ou de outra.
Em momento algum nos revoltamos com o diagnóstico. Ninguém perguntou "por que comigo?", "por que com minha mãe?". Essas coisas não escolhem endereço, acontecem com todo mundo. Por que não comigo? Minha mãe também pensa assim. Ficou calma, aceitando a doença e, ao mesmo tempo, se preparando para lutar com todas as forças contra "o bicho dentro da barriga dela", como brincamos. Claro que de vez em quando ela chora, principalmente quando alguém que faz tempo que ela não vê vai visitá-la. Mas fora isso, está ótima. Vai ao shopping, vai pintar o cabelo, vai ao banco, ao supermercado. E nossas reuniões familiares continuam sendo divertidas, animadas, amorosas, como sempre foram.
E aí as coisas começaram a acontecer. Ela fez uma pequena cirurgia para fazer a biópsia, no começo de fevereiro. O resultado foi confuso, até para os médicos. O tumor que minha mãe tem não é aquele tumor de pâncreas agressivo, que mata em poucos meses. É um tumor raro de pâncreas. Os médicos dela não tem certeza até agora exatamente do que se trata. Mas tudo indica que o bicho não é tão feio quanto parecia ser. Há dois meses ela começou a fazer quimioterapia. Uma sessão por semana, durante 6 meses. Ela não teve NENHUM efeito colateral. Não caiu cabelo, e nem vai cair. Ela não tem enjôos (acho que esse acento caiu tb, não foi?), não tem nada. Nada. E ainda por cima está engordando, contra todas as probabilidades.
A médica dela quer esperar mais um pouco para fazer novos exames, novas tomografias. Parece que o tumor regrediu, pelos resultados dos últimos exames de sangue que ela fez.
Com isso tudo eu perdi aquele medo dessa doença que, hoje, não é tão fatal quanto costumava ser. Mesmo tumores mais sérios que o da minha mãe tem tratamentos mais modernos, perspectivas maiores de vida, de cura. A palavra câncer não tem mais aquele peso que tinha, para mim.
Não estou reagindo friamente: sei que se minha mãe piorar e, enfim, se o pior acontecer, vai ser um sofrimento sem precedentes na minha vida. Mas eu sei que, aconteça o que acontecer, vamos superar isso juntos. Porque somos uma família linda e temos muito amor. :)
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A mulher mais linda do mundo



Claire Danes

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terça-feira, 28 de abril de 2009

vontade de escrever

Vontade de escrever, mas não sei nem o quê. Lembrei agora que há muito tempo me contaram que medida do bonfim, da música, era a antiga fita de nosso senhor do bonfim, aquela vendida na Bahia. Era chamada de "medida" porque media (ou mede, não sei se continua igual) exatos 47 centímetros, que é a medida do braço direito da estátua de Jesus Cristo que está naquela igreja. A fita era feita de seda, bordada a mão, e era usada no pescoço! Devia ser linda!
Hoje é aquela fitinha que todos conhecem, que não é feita de seda e é usada no pulso. A minha está aqui, no meu pulso. Minha prima que foi pra lá mês passado me trouxe. E eu não consigo tirar essa música da minha cabeça, desde o dia em que eu escrevi o e-mail pro R.
Tudo bem, na verdade a letra não corresponde exatamente ao que houve entre nós. Como eu já escrevi aqui, nosso relacionamento foi curto. Mas a história, mal resolvida, dura 9 anos. Ou melhor, durou 9 anos, porque agora acabou. Foram 9 anos de promessas, de esperanças, de planos, de encontros e desencontros. E de lembranças, todas, muitas, sempre. É difícil virar a página assim, ainda mais quando nunca houve um "fim" propriamente dito. Como eu escrevi também, coloquei um ponto final mandando o e-mail pra ele, mas aqui dentro demora mais um pouco.
Eu não estou sofrendo, triste, chorando pelos cantos. Como eu disse, foram 9 anos de promessas, promessas não cumpridas. Foram 9 anos de aparecer-sumir-aparecer, então de certa forma já estou, ou deveria estar, calejada. Mas isso não faz com que doa menos. Faz com que eu não fique triste chorando, mas não faz com que doa menos porque é o fim de 9 anos de sonho. Talvez um sonho irreal, uma idealização de uma pessoa que não existe, eu não sei. O grande problema é justamente este: e-u n-ã-o s-e-i. E não vou saber, porque ele fugiu, sumiu, de novo.
Desta vez eu achei que seria diferente? Achei sim. Não vou mentir. Ele me disse coisas que jamais havia dito, prometeu coisas que jamais havia prometido. Mais uma vez eu fui seduzida por tudo aquilo. Não estou colocando a culpa nele. Já disse que o que aconteceu/acontece comigo é inteira responsabilidade minha. Mas o que eu não entendo é: o que leva uma pessoa a fazer isso? Procurar uma mulher, falar milhões de coisas pra ela, fazer mil planos, ligar todos os dias, etc. e tal, e de repente, de uma hora pra outra, sumir? Desta vez foi pior, porque eu perguntei pra ele tantas vezes se ele tinha certeza do que estava falando. E falei pra ele tantas vezes que eu não queria que ele falasse tudo aquilo pra depois sumir, de novo. E ele pareceu tão sincero quando falou que isso jamais iria acontecer novamente. Parece cruel, não parece? E é. É cruel.
Por isso gostei tanto do que a Fal escreveu, no post de baixo. Porque é exatamente isso.
E também por isso a música. É uma despedida de um sonho, de algo que não foi, de um amor mais idealizado do que real. Como eu também já escrevi aqui, é a despedida da promessa de felicidade, do Caetano. E o Chico, na música, fala perfeitamente desse tipo de despedida.
Eu me sinto muito melhor depois de escrever. Coloco pra fora minhas angústias, minhas dores. E parece mesmo que consigo transferir parte dela para o papel. No caso, o papel é o blog.
Eu tenho certeza que mereço mais do que isso, mereço um homem que queira se dar por inteiro, que não precise sumir, que não tenha medo, que seja adulto. Uma hora ele aparece. :)
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segunda-feira, 27 de abril de 2009

leitura de pensamentos

No meio da nossa conversa digo a ele como os homens são volúveis, como seus afetos são precários, como seus medos são profundos e os imobilizam. Brado sobre a imaturidade masculina, sua falta de sensibilidade, sua crueldade. Arremato dizendo que os homens em geral merecem cada segundo da dor e da solidão em que estão metidos, porque muito mais que as mulheres, eles tem pavor de se comprometer com alguém real, pavor de mostrar que são vulneráveis, pavor de demonstrar afeto. Meu Capitão Rodrigo, ao invés de brigar comigo, pois provocar uma briga era o que estava tentando, olha para mim com seus olhos azuis e seu único comentário é “Amém”.

Palavras da Fal-vação.
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domingo, 26 de abril de 2009

Reencontros

Decepção é quando você encontra no Twitter um cara com quem conversava sempre há alguns anos, mas sempre mesmo, e essa pessoa diz que não lembra de você. Como assim, não lembra???

Mas há a compensação: aquele amigo com quem você também conversava sempre, na mesma época, e que não só lembra de você como continua lindo, querido e carinhoso. Não é uma delícia??

Neste caso a compensação é muito maior do que a decepção! :)
posted by Karime at 02:18 1 comments